sábado, 26 de junho de 2010

FORRÓDROMO




Olhando para cima com a mão nos olhos por causa da claridade,Zequinha olha espantado e curioso o letreiro luminoso que brilha no alto do galpão enfeitado de bandeirinhas.
Só consegue ler a primeira sílaba,FO,pois o letreiro acende e apaga,até parece um vagalume doido.
Todo ano ele sai da roça aonde mora e vem brincar o São João na cidade.Cidadezinha do interior é claro,que fica pertinho da roça.Dizem que são os melhores festejos juninos do estado.Zequinha acha que é a melhor festa do mundo.
Êta festa gostosa,danço na rua com as moreninhas suadas até o nascer do sol.Tem forro a noite inteirinha.
E mesmo quando se para um pouquinho, para tomar um gole de cachaça,o pé fica mexendo prá lá e prá cá.
Duas coisas que fazem um perfeito casamento é o forró e a cachaça.
O mel vai descendo pela goela abaixo, o som vai entrando pelos ouvidos, vamos ficando leves esquecendo as tristezas e o ritmo sem graça do dia a dia, o trabalho duro na roça prá dar comida a criançada.
Falou nos filhos, lembrou de dona Rosa. Um dia ainda trago ela para ver a festança.Bem que ela se assanhou,engomou até a saia.Mas hoje eu quero muita mulher muita cachaça me acabar aqui na praça.
-Êta diabo de pinga mais forte, cadê a praça?
-Não é mais praça zequinha, o negócio agora é chique, e se chama forródromo.
-Cuma é mesmo? Forró de que seu menino?

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